Um documento do Ministério Público mostra que o Ibama foi avisado, pelo próprio MP, da intenção de produtores rurais em realizar uma queimada na região de Novo Progresso, no Pará, no dia 10 de agosto. O comunicado ao governo foi feito três dias antes do "dia do fogo".

Além do alerta encaminhado via ofício, o MP também cobrou um plano de contingência do Ibama, caso o evento fosse confirmado. No entanto, nenhuma atitude para interromper o plano foi tomada.

"A Coordenação de Operações de Fiscalização e o Núcleo de Inteligência da Superintendência do Pará haviam sido comunicadas sobre a iminência dos incidentes e ressalta que devido aos diversos ataques sofridos e à ausência do apoio da Polícia Militar do Pará”, respondeu o gerente executivo substituto do Ibama, Roberto Victor Lacava e Silva.

O grupo combinou de incendiar as margens da BR-163, que liga essa região do Pará aos portos fluviais do Rio Tapajós e ao Mato Grosso, através de um grupo no aplicativo de mensagens WhatsApp. Mais de 70 pessoas estavam inseridas no grupo de manifestantes, entre produtores rurais, sindicalistas, comerciantes e grileiros.

O grupo pretendia mostrar a Bolsonaro que apoia as ideias do Presidente de flexibilizar a fiscalização do Ibama. Também esperavam conseguir o perdão das multas por infrações cometidas ao Meio Ambiente.

Em abril, Jair Bolsonaro desautorizou ação do Ibama contra madereiras. O presidente admitiu ter determinado a proibição de queima de veículos usados na exploração ilegal de madeira em um vídeo que circulou na internet. O procedimento está prevista na legislação ambiental.

Num cenário ambiental preocupante e que voltou a ser pauta em meios aos discursos de proteção à Amazônia, é preciso estar atento ao fime empenho do governo em fiscalizar. Caso a política de Bolsonaro contra o meio ambiente se mantenha pode incentivar para que o número de queimadas no Brasil continue a subir.

O documento enviado pelo Ministério Público ao ibama foi obtido pela revista Globo Rural.

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